Em um sinal de acirramento das tensões entre as duas maiores potências mundiais, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou uma ordem executiva nesta quarta-feira (9) com o objetivo de bloquear e regular os investimentos em alta tecnologia de empresas dos EUA na China.

A medida abrange chips de computador avançados, microeletrônica, tecnologias de informação quântica e inteligência artificial. A intenção é colocar limites e controle ainda maiores na exportação de equipamentos de alta tecnologia chineses – no ano passado, o governo dos EUA impôs um conjunto de sanções que, entre outras coisas, restringem a produção de microchips no país asiático.

Funcionários graduados do governo afirmaram que o objetivo da nova medida é a segurança nacional, não interesses econômicos.

A ordem assinada por Biden visa limitar a capacidade da China de usar os investimentos dos EUA em suas empresas de tecnologia para fortalecer suas Forças Armadas, ao mesmo tempo em que preserva níveis mais amplos de comércio que são vitais para as economias de ambas as nações. De acordo com membros do alto escalão do governo Biden, a China tem utilizado os investimentos dos EUA para apoiar o desenvolvimento de armas e modernizar suas Forças Armadas.

O governo consultou aliados e a indústria para moldar a ordem executiva, que será submetida ao Congresso e ao Senado dos EUA.

Prevê-se que a medida não enfrentará dificuldades para passar pelas duas Casas, pois também é uma prioridade bipartidária. Em julho, por uma votação de 91-6, o Senado adicionou uma emenda à Lei de Autorização de Defesa Nacional para monitorar e limitar os investimentos em países preocupantes, incluindo a China.

A medida também sinaliza que os Estados Unidos e a China estão cada vez mais envolvidos em uma competição geopolítica, paralelamente à profunda relação comercial que existe entre os dois países, as maiores economias do mundo.

“O impacto que (a ordem executiva) causa no mercado pode ser bastante decisivo”, disse Elaine Dezenski, diretora sênior da Fundação para a Defesa das Democracias. “Empresas americanas e multinacionais já estão reavaliando os riscos de investir na China. Esse arrefecimento agora corre o risco de se tornar um congelamento profundo.” Funcionários do governo Biden afirmaram que não têm interesse em isolar a China. No entanto, nos últimos meses, os EUA restringiram a exportação de chips de computador avançados e os investimentos na China e mantiveram as tarifas ampliadas estabelecidas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

Em um discurso nesta quarta-feira, Biden afirmou que a economia da China está enfrentando dificuldades e disse que as ambições do país asiático foram contidas após Washington formar novas alianças com o Japão, Coreia do Sul, Austrália e a União Europeia.

As tensões entre as duas potências têm se intensificado nos últimos meses.

Em junho, Biden chamou o presidente chinês, Xi Jinping, de “ditador” depois que os EUA derrubaram um balão espião chinês que flutuava sobre os Estados Unidos. O status de Taiwan também tem sido uma fonte de tensão, já que Washington tem mostrado maior apoio a Taipei.

A China demonstrou proximidade com a Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022, embora Biden tenha observado que a aliança ainda não se estendeu ao fornecimento de armas.

Fonte: Associated Press (Adaptado)