O deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) protagonizou um momento inusitado na Câmara dos Deputados, na noite desta terça-feira (20/05), ao levar um bebê reborn ao plenário. Durante seu discurso, o parlamentar defendeu que a prática de cuidar dessas bonecas hiper-realistas não é pecado, mas fez um apelo para que a sociedade não se esqueça das crianças reais em situação de vulnerabilidade.
O discurso e a polêmica
Segurando a boneca no colo, Isidório afirmou que não vê problema em adultos que compram roupinhas, mamadeiras e fazem chá de fraldas para os bebês reborn, desde que isso não interfira em serviços públicos ou religiosos. “Se alguém cria um bebê reborn, compra roupinha, dá mamadeira, faz chá de fralda, faz gastos com esses bonecos de silicone, sem querer importunar o SUS, padres e pastores, que tenham e brinquem com seus bonecos. Não é pecado“, declarou.
No entanto, o deputado alertou para a necessidade de priorizar o cuidado com crianças reais, que muitas vezes vivem em orfanatos, abrigos ou em situação de extrema pobreza. “Não devemos esquecer das nossas crianças de carne e osso, que têm espírito e alma, e na maioria das vezes estão abandonadas”, enfatizou.
O fenômeno dos bebês reborn
Os bebês reborn são bonecas produzidas artesanalmente para se parecerem com recém-nascidos, com detalhes minuciosos que imitam pele, cabelo e até expressões faciais. Algumas incluem dispositivos que simulam batimentos cardíacos e funções corporais. O mercado dessas bonecas tem crescido significativamente, com preços variando entre R$ 750 e R$ 9.500, dependendo do nível de personalização.
Nos últimos meses, o fenômeno ganhou força nas redes sociais, com vídeos de adultos simulando partos, consultas médicas e rotinas maternas com as bonecas. A repercussão gerou debates sobre os limites emocionais desse tipo de vínculo e levantou questionamentos sobre casos em que pessoas tentaram obter benefícios destinados a crianças reais, como atendimento médico no SUS e prioridade em filas de transporte público.
Projetos de lei em discussão
Diante da crescente popularidade dos bebês reborn, parlamentares começaram a discutir projetos de lei para regulamentar o uso dessas bonecas. Entre as propostas apresentadas na Câmara dos Deputados estão:
📌 PL 2326/2025 – Proíbe o atendimento a bebês reborn em unidades de saúde públicas e privadas, incluindo o SUS.
📌 PL 2320/2025 – Estabelece multas para quem tentar obter benefícios destinados a crianças reais usando bonecas reborn.
📌 PL 2323/2025 – Propõe acolhimento psicossocial para pessoas que desenvolvem vínculos intensos com as bonecas.
O discurso de Pastor Sargento Isidório trouxe à tona um debate sobre os limites do apego emocional a objetos e a necessidade de priorizar o cuidado com crianças reais. Enquanto o fenômeno dos bebês reborn continua crescendo, a sociedade e o Congresso Nacional discutem formas de garantir que essa prática não comprometa serviços públicos e não desvie a atenção de problemas sociais urgentes.
O tema segue em pauta e promete gerar novas discussões nos próximos meses.