O uso diário de suplementos multivitamínicos, uma prática comum entre muitos que buscam melhorar a saúde e prevenir doenças, não está associado a um aumento na longevidade. Essa é a conclusão de um estudo recente publicado no prestigiado periódico JAMA, que analisou dados de quase 400 mil adultos ao longo de 20 anos nos Estados Unidos.
A pesquisa, conduzida por uma equipe de cientistas norte-americanos, revisou informações de três grandes estudos prospectivos. Os participantes, todos adultos saudáveis sem histórico de câncer ou outras doenças crônicas, foram acompanhados por mais de duas décadas. Durante esse período, foram coletados dados sobre o uso de suplementos, incluindo a frequência e o tipo de vitaminas e minerais consumidos.
Ao final do estudo, foram registradas 164.762 mortes entre os participantes. A análise dos dados revelou que não havia diferença significativa na taxa de mortalidade entre aqueles que tomavam multivitamínicos diariamente e aqueles que não os consumiam.
No Brasil, embora não haja estatísticas oficiais, o consumo de multivitamínicos também é uma prática comum, muitas vezes incentivada por campanhas de marketing e recomendações de profissionais de saúde. “É evidente o crescimento no consumo de multivitamínicos impulsionado por campanhas de marketing, influência de profissionais de saúde e a percepção de que os suplementos são necessários para uma vida saudável, mesmo sem carências nutricionais diagnosticadas”, comenta a nutricionista Serena del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein.
A falsa sensação de segurança proporcionada pelo uso de multivitamínicos pode levar ao descuido com a saúde. Muitas pessoas acreditam que estão prevenindo doenças ou compensando deficiências nutricionais ao tomar esses suplementos, mas acabam negligenciando a busca por orientação médica adequada. “Essa falsa sensação de segurança pode levar ao descuido com a saúde, fazendo com que deixem de buscar a orientação médica adequada quando realmente há necessidade de uma intervenção mais específica e eficaz”, alerta del Favero.
O estudo reforça a necessidade de uma abordagem mais crítica e informada sobre o uso de suplementos. Embora os multivitamínicos possam ser benéficos em casos específicos de deficiências nutricionais diagnosticadas, seu uso indiscriminado não é uma solução mágica para aumentar a longevidade. A orientação de profissionais de saúde e a adoção de hábitos de vida saudáveis continuam sendo as melhores estratégias para a promoção da saúde e prevenção de doenças.