Por Imprensa Brasília

Um caso que chocou o país e gerou revolta nas redes sociais está sendo investigado pela Polícia Civil do Pará. Uma babá, identificada como Priscila Kelly Azevedo, de 40 anos, foi denunciada por supostamente dopar um bebê de 11 meses durante o expediente noturno em um apartamento no bairro do Marco, em Belém (PA). O episódio ocorreu na noite da última quinta-feira, 19 de junho, e foi flagrado por câmeras de segurança instaladas no quarto da criança.

Segundo os pais, o comportamento do bebê — sonolência excessiva, olhos semicerrados e apatia — levantou suspeitas. Ao revisar as imagens, eles viram a babá segurando o bebê com um braço enquanto, com a outra mão, escondia algo e o colocava na boca da criança, que ainda tentou resistir.

Medicamentos psiquiátricos e confissão parcial

Ao revistar a mochila da funcionária, os pais encontraram quetiapina (antipsicótico com efeito sedativo) e sertralina (antidepressivo com ação ansiolítica), ambos de uso adulto e controlado. Inicialmente, a babá negou ter administrado qualquer substância, mas depois confessou ter dado um “remedinho” e, sob insistência, afirmou que seria “Calman” — medicamento fitoterápico que não estava entre os itens encontrados.

A criança foi levada imediatamente ao hospital, onde passou por lavagem gástrica e recebeu carvão ativado para minimizar os efeitos da substância ingerida. Um exame toxicológico foi realizado e o laudo deve sair em até 30 dias.

Delegada é afastada após liberar suspeita

Apesar das evidências em vídeo e dos medicamentos encontrados, a delegada Maria de Fátima Chaves dos Santos, responsável pelo plantão na Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente (DATA), optou por lavrar apenas um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e liberou a babá no mesmo dia.

A decisão gerou forte repercussão e levou a Polícia Civil do Pará a instaurar um processo disciplinar para apurar a conduta da delegada, que foi afastada temporariamente de suas funções enquanto a investigação interna segue em curso.

Repercussão e alerta a outras famílias

O caso viralizou nas redes sociais, com milhares de internautas expressando indignação e solidariedade à família. O pai do bebê alertou outros responsáveis sobre a importância de observar mudanças sutis no comportamento das crianças e reforçou a necessidade de monitoramento cuidadoso, mesmo com profissionais recomendados.

“Muitos pais não acompanham o comportamento do filho durante o dia. O bebê dorme à noite, o efeito da medicação passa, e os pais nem desconfiam”, disse o pai em entrevista.

A babá segue em liberdade, mas pode responder por maus-tratos, lesão corporal e administração de substância nociva, dependendo do resultado dos exames e da conclusão do inquérito.