21\08\2024 – 16:21 – Rio de Janeiro

A palestra “O Futuro do Transporte Sustentável: a descarbonização”,  foi um dos temas discutidos no evento Rio Innovation Week, que reúne anualmente profissionais de tecnologia e inovação. Contando com empresas e representantes de estado, o diálogo reuniu Carolina Rodrigues, Coordenadora da Secretaria de Energia e Economia do Mar, João Leal, Coordenador de Energia Nuclear no Governo do Estado do Rio de Janeiro, Tatiana Fischer, diretora de Marketing da Descarbonize Soluções e Gustavo Tannure, Ceo da EZVolt.

Foram debatidos os possíveis caminhos para a ampliação da eletromobilidade no estado e país e alguns dos desafios que cerceiam seu desenvolvimento. Quanto as iniciativas já em andamento, foi mencionado o projeto Corredor Sustentável do Brasil, lançado pelo Governo do Rio de Janeiro ano passado. O objetivo da proposta é adaptar postos de combustíveis para abastecer caminhões com biometano e gás natural,  gases  considerados menos agressivos ao meio ambiente . Tal medida acompanha metas climáticas de descarbonização do setor de transportes, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, sendo responsável por cerca de 16% da poluição no país. 

De acordo com Carolina Rodrigues, o estado do Rio de Janeiro se encontra em vantagem neste mercado. “O Rio vende mais gás [natural] para postos de combustíveis do que para a indústria, então é um grande diferencial.” Sobre o projeto de Corredor ela conta que  “o objetivo é que isso se torne uma política publica nacional.”

Tatiana da Descarbonize explica que apesar do Brasil possuir grande potencial, existem mercados tecnologicamente mais maduros, como a China, uma das líderes no setor de eletromobilidade, porém é o Brasil o mais aberto a [testar] inovações em fase de experimentação. “O maior desafio é conscientizar púbico de que é possível ter um carro elétrico. Ouvimos muitas dúvidas como: ‘Como vou recarregar meu carro?’ Então isso [conquistar a confiança do consumidor] é um grande desafio. Essa previsibilidade, essa segurança são desafios importantes que estamos trabalhando para pulverizar o acesso.”

Monopólios dificultam o crescimento de eletropostos

Dados levantados pela Tupi Mobilidade, apontam que o Brasil já possuía em julho deste ano 8.800 eletropostos, públicos e semipúblicos para 315.047 emplacados, entre híbridos e 100% elétricos. Segundo a ABVE, “a infraestrutura de recarga também é um ponto chave para a promoção desse crescimento do mercado de veículos elétricos, especialmente os plug-in.”  

Gustavo Tannure, Ceo da EZVolt, defende que há protecionismo em relação a indústria nacional e que para promover a popularização desse produto é necessário descentralizar o mercado de combustíveis, em especial a rede de distribuiçao existente. “Para o Brasil ter um posto [de gasolina] em cada esquina levou 50 anos. E a gente sabe que a implantação de um eletroposto demora. Houve a suspensão de impostos sobre a exportação [visando incentivar o consumo] de veículos elétricos para o setor ‘ir crescendo aos poucos”.  

Eletromobilidade também enfrenta obstáculos em sua mão de obra

Tannure conta que do ponto de vista do fabricante, o mais desafiador é conseguir contratar e reter os talentos já que a mentalidade do trabalhador também mudou. “Antes as pessoas ficavam 20, 30 anos numa empresa. Hoje em dia as pessoas não se guiam somente por dinheiro, querem bem estar na empresa, possibilidades de crescimento, trabalhar com o que gostam.” 

Qual a melhor rota para um transporte sustentável?

A Secretaria de Energia explica que o caminho a ser percorrido para que os carros elétricos conquistem seu espaço e contribuam nas metas climáticas depende do crescimento dessa e outras tecnologias, inclusive avaliação criteriosa e eficiente de recursos, aproveitando o que cada região tem a oferecer. “Existem diversas tecnologias  O estado do Rio tem um potencial com o gás natural, o biometano [por exemplo]. É preciso que cada estado priorize seus recursos naturais e aproveitem as pessoas e suas vocações”, conclui.