A mordida de um cachorro pode ser uma experiência assustadora e até perigosa, principalmente se vier de um animal que vive nas ruas. A situação não é rara, sobretudo, entre pessoas que se dedicam a resgatar animais abandonados.

Mordida por um cãozinho que resgatou, Giulia Pascoal, voluntária em um projeto de adoção, imediatamente procurou uma UBS para se vacinar | Foto: Arquivo pessoal

Foi o que aconteceu com a estudante Giulia Pascoal, voluntária no projeto Adoção São Francisco há quatro anos. Durante o resgate de um cão, ela acabou sendo mordida pelo animal. “Encontrei o cachorro na passarela, bem encolhido”, lembra. “Fiz um carinho e ele chorou. Falaram que ele já estava ali há um tempo, com dor e sem conseguir andar”.

Giulia pegou o animal no colo e desceu a passarela. Mas o cachorro sentiu dor e, por instinto, mordeu o braço da voluntária. “Foi um susto, sangrou”, relata. Ela buscou atendimento imediato na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 de Vicente Pires, onde recebeu uma dose da vacina antirrábica e foi encaminhada ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT) para administração do soro pós-exposição.

Procedimentos essenciais

Em situações nas quais a pessoa possa ter sido exposta ao vírus da raiva, é recomendado limpar bem o ferimento com água corrente e sabão. A medida é comprovadamente eficaz na redução do risco de infecção. Em seguida, deve-se procurar uma UBS. O profissional de saúde avaliará se há a necessidade de profilaxia antirrábica humana.

“Quando é um animal comunitário, ainda conseguimos acompanhá-lo no espaço em que vive, para avaliação, monitoramento e controle de possíveis zoonoses, assim como administração de vacina antirrábica” Vanessa Patrício, gerente de Vigilância Ambiental de Zoonoses

Nos casos em que não for possível acompanhar o animal de perto, o médico pode indicar o tratamento pós-exposição, que inclui duas doses da vacina antirrábica e a administração do soro. É importante seguir as recomendações do médico, que podem incluir a troca de curativos, uso de antibióticos e a verificação de sinais de infecção.

“Quando é um animal comunitário, ainda conseguimos acompanhá-lo no espaço em que vive, para avaliação, monitoramento e controle de possíveis zoonoses, assim como administração de vacina antirrábica”, explica a gerente de Vigilância Ambiental de Zoonoses da Secretaria de Saúde do DF (SES), Vanessa Patrício.

A equipe faz a avaliação in loco, mediante solicitação ou notificação. É preciso informar a localização e as características do animal envolvido e anexar o comprovante de atendimento recebido na UBS. A orientação é sempre procurar atendimento médico, ainda que a mordida pareça leve. Mordeduras, arranhaduras, lambeduras e contatos indiretos devem ser avaliadas de acordo com as características do ferimento e do animal envolvido

No DF, a população conta com nove unidades que administram soro/imunoglobulina e vacina antirrábica pós-exposição: hospitais regionais da Asa Norte (Hran), de Brazlândia (HRBz), de Ceilândia (HRC), de Planaltina (HRPI), de Sobradinho (HRS), de Santa Maria (HRSM), Gama (HRG), de Taguatinga (HRT) e o Hospital da Região Leste (HRL), no Paranoá.

Raiva

A raiva é uma zoonose – doença que passa dos animais ao homem e vice-versa – transmitida por um vírus, potencialmente mortal para ambos. Acomete principalmente o sistema nervoso central, levando a óbito após rápida evolução. A transmissão ocorre quando o vírus da raiva, presente na saliva do animal infectado, penetra no organismo através da pele ou de mucosas, por meio de mordidas, arranhões ou lambidas.

Centro de Controle de Zoonoses tem cães e gatos, em boas condições de saúde, à espera de adoção | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

No DF, foram registrados apenas dois casos de raiva humana desde 1978. O número reduzido de incidências reflete o trabalho ampliado de prevenção instituído pela SES, como a vacinação anual de cães e gatos, a profilaxia de pessoas agredidas por animais suspeitos, a pesquisa de raiva em animais suspeitos e a prevenção em pessoas que exercem profissão de risco.

Desde 1973, é realizada uma campanha anual contra a doença em cães e gatos, com equipes mobilizadas e postos de imunização espalhados por todo o DF. São 15 pontos fixos nas regiões de saúde, que atendem diariamente, sem agendamento prévio. Na unidade da Gerência de Vigilância Ambiental Zoonoses (Gvaz) também é disponibilizada a vacinação antirrábica para os animais em demanda espontânea. 

Adote um animal

Atualmente, 17 cães e 11 gatos estão no Centro de Controle de Zoonoses à espera de um lar. São animais em boas condições de saúde, prontos para ganharem uma família. “A maioria desses animais adentra a unidade por condição de abandono ou maus tratos”, ressalta Vanessa Patrício.

Para adotar um dos animais, é necessário apresentar documento de identificação com foto, ter mais de 18 anos e assinar um termo de posse responsável. No ato da adoção, são passadas orientações sobre a possibilidade de castração gratuita pelo  Instituto Brasília Ambiental. As visitas ao Centro de Zoonoses podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.

Confira aqui as salas fixas de vacinação para cães e gatos.

*Com informações da Secretaria de Saúde do DF – Por Agência Brasília* | Edição: Chico Neto