Casal lidera missão internacional de promoção de rótulos que nascem no berço do vinho no mundo, conduzindo, em outubro, masterclass em cinco capitais brasileiras, além da feira em São Paulo
Depois de terem visitado mais de 100 países em busca dos melhores vinhos do Planeta, André Baader (Brasil) e Karla Baader (Guatemala) estabeleceram residência na República da Geórgia, desde 2023. Os wine-hunters – caçadores de vinhos – resolveram aprender ‘in loco’ a história do berço do vinho no mundo e hoje fazem a curadoria e seleção dos melhores rótulos georgianos para o mercado brasileiro. O casal ‘Locorpovino’, como é conhecido no Instagram, se prepara para voltar ao Brasil, por ocasião da ProWine, a maior e principal feira profissional de vinhos e destilados das Américas, que acontecerá entre os dias 1º a 3 de outubro, em São Paulo, além de masterclass que serão realizadas em cinco capitais brasileiras
“Nossa curadoria é focada num trabalho que guia o setor vitivinícola georgiano para elaborar rótulos que atendam ao paladar brasileiro, sem deixar de lado a tradição do processo milenar de vinificação da Geórgia. Além disso, abastecemos produtores e consumidores de informação relevante para ambos, despertando o interesse de apreciar estes vinhos emblemáticos e complexos”, explica Baader. O sommelier comenta, ainda, que estes vinhos estão entre os mais potentes e gastronômicos do mundo, entregando tanino, acidez e bom teor alcoólico, elementos essenciais para vinhos de guarda.
André e Karla, ambos chefs, trocaram o fogão e as panelas por garrafas e taças. Esta busca incessante pelos melhores vinhos do mundo, levou o casal de sommeliers a morar em lugares remotos como Alaska e Hawaii, além de acumularem a expertise de voluntariar em vinícolas na Itália, Turquia, Alemanha e Portugal. A frente da organização desta missão internacional inédita da Geórgia no Brasil, eles contam com o apoio da Agência Nacional de Vinhos Georgianos. “Estaremos com o estande Wines of Georgia na ProWine, além de conduzir uma masterclass na feira para quem deseja conhecer de perto o perfil dos vinhos georgianos. Será uma oportunidade única. Também estaremos conduzindo as masterclass nas cinco capitais entre os dias que estivermos com a comitiva no Brasil”, comemora. A dupla especialista em vinhos georgianos tem mais de 500 rótulos catalogados no portfólio, um trabalho reconhecido pela Embaixada Brasileira em Tbilisi. Com este amplo conhecimento, eles atuam, por exemplo, com a Wine7, pioneira na importação dos vinhos georgianos desde 2017, atendendo distribuidores em todo o Brasil. A importadora representa diversos vinhos selecionados pelo casal.
Para quem tem interesse em ter algumas destas preciosidades em sua loja o contato é através do Instagram, pelo @locoporvino.
Mais sobre os vinhos da Geórgia
Os vinhos âmbar georgianos, similares aos vinhos laranja, são outra joia que dão orgulho à nação. Elaborados a partir de uvas brancas, geralmente da variedade Rkatsiteli, são vinificados como tintos, porém em Qvevri (grandes recipientes de barro – ânforas – usados para a fermentação, armazenamento e envelhecimento do vinho tradicional georgiano). André explica que os vinhos feitos na Geórgia apresentam sutilezas como a porcentagem de casca e polpa utilizada na produção, e que isso difere em cada região (de 20 a 100%). “O uso ou não do engaço no Qvevri, o tempo de contato do vinho com as cascas (de 2 a 8 meses), e claro e o residual de açúcar dependem de cada vinícola. Estas nuances produzem vinhos totalmente diferentes. Você pode provar infinitas variações de vinhos georgianos elaborados com a mesma uva. É aí que entra nosso trabalho: selecionar os vinhos voltados ao paladar brasileiro”.
Pouco divulgados em livros, citados em raros cursos de sommeliers, nem mesmo no WSET, por exemplo, estes vinhos são pouco conhecidos. “Estamos falando do primeiro país do planeta a fazer vinhos e que, ainda hoje, utiliza o método milenar em Qvevri, registrados pela Unesco como patrimônio intangível, sendo os únicos produtos não alimentícios no mundo a terem Indicação Geográfica protegida. Um dos motivos deste distanciamento é que a produção destes vinhos passou maus bocados no período soviético. Tudo era dominado pelo governo, que produzia vinhos em grande escala – doces e industriais -, para atender o mercado russo. Após a queda da União Soviética, os Maranis (vinícolas familiares), voltaram para as mãos das famílias. Assim, a tradição foi retomada e hoje os vinhos georgianos estão no radar de especialistas do mundo todo.
Existem vinhos com registros arqueológicos de 8.000 anos atrás, sendo a Geórgia, oficialmente, o país berço do vinho, local mais antigo a se encontrar resquícios de vinificação. O Saperavi é um dos vinhos mais antigos do mundo e está se tornando uma das importações de crescimento mais rápida dos Estados Unidos, conforme reportagem exibida na CBS.