Empresa de Pesquisa Energética visita a comunidade da Babilônia. Foto: Amanda Baroni.

19\09\2024 – 15:58 – Rio de Janeiro

Nesta quarta feira, (18\09) as comunidades da Babilônia e do Chapéu Mangueira, do Rio de Janeiro, receberam a visita da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para um tour educativo pelo “Corredor Solar”, liderado pelo presidente da Cooperativa de Energia Solar das comunidades e embaixador da ong Revolusolar, Dinei Medina. 

O projeto promove um turismo tecnológico em pontos relevantes da comunidade da Babilônia que tenham usinas instaladas, como a quadra esportiva, associações de moradores e o Mirante das Usinas. Segundo o presidente, a iniciativa partiu do interesse do público de fora da comunidade, que desejava conhecer as usinas comunitárias. 

Ele projeta que o segmento se amplie, trazendo retorno às comunidades: “A ideia é fomentar a economia local e o turismo através da energia solar social. Cada dia que passa tem mais usinas, tem mais instaladores. Acreditamos que isso pode ser replicado em outras favelas também e que entre no roteiro turístico do Rio de Janeiro.” Afirma.

O encontro serviu de reflexão e explanação sobre os problemas enfrentados pelas favelas quanto ao acesso do serviço, as altas tarifas e às diferenças sociais que existem na cidade e dentro das próprias favelas.

Vista do Mirante das Usinas na comunidade da Babilônia. Foto: Amanda Baroni.

A visita compôs a agenda de pobreza energética da EPE, que atualmente está desenvolvendo o projeto “Tecendo Conexões”, um mapeamento para estruturar indicadores sobre desigualdades de acesso à energia no Brasil. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com Ministério de Minas e Energia e contará com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A previsão para o lançamento dos dados é em 2025. Mariana Weiss, analista de pesquisa energética da EPE, explica que o projeto busca neste primeiro momento gerar um diagnóstico brasileiro que subsidie políticas de erradicação da pobreza energética. “Estamos tentando definir uma série de metodologias utilizando os dados públicos que já existem para quantificar indicadores de pobreza energética. Temos uma quantidade enorme de dados e muitas vezes eles não conversam entre si, então temos investido tempo para compatibilizar essas bases.” Conclui.

Porque ter dados sobre pobreza energética?

A pobreza energética é de extrema importância para a promoção da transição energética justa, tendo em vista que esse conceito visa a descarbonização da sociedade a nível global e uma série de mudanças que beneficiem o meio ambiente e a população. Entretanto, os atuais indicadores sociais trazem dados preocupantes quanto ao acesso de direitos, como aos serviços de energia.

Segundo o Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (OPEB), no mundo, quase 10% da população se encontra sem acesso è eletricidade. Em decorrência disso, esta parcela é socialmente excluída e exposta a vários problemas: a falta desse serviço afeta a comunicação, gera maior dependência de combustíveis poluentes, como os fornos a lenha, entre outras mazelas sociais.

Dentro desse cenário, as desigualdades de acesso aos serviços de energia ganharam maior atenção. Uma efetiva transição energética consiste em trazer melhorias às pessoas pobres, as mais vulneráveis aos problemas que a falta desse serviço pode gerar. A criação de indicadores sobre essas pessoas as inclui na transição e efetiva a promoção de seus direitos.