Recentemente, um estudo publicado no periódico The New England Journal of Medicine relatou um caso de transmissão do vírus Oropouche durante a gestação no estado do Ceará. A gestante, com 30 semanas de gestação, apresentou sintomas como febre, calafrios, dor muscular e forte dor de cabeça. Após testes laboratoriais, foi confirmada a infecção pelo vírus Oropouche, excluindo outras doenças como dengue, zika e chikungunya.

Infelizmente, no dia 5 de agosto, foi diagnosticada a morte fetal. Análises de tecidos do feto confirmaram a presença do vírus em várias amostras, incluindo o cordão umbilical e a placenta. Esse caso destaca o risco da infecção durante a gravidez e a necessidade de considerar essa possibilidade diante de sintomas suspeitos em gestantes.

Além disso, um artigo publicado no The Lancet sugeriu a possibilidade de transmissão vertical do vírus Oropouche, associando a doença a outros registros de aborto e malformações em estados como Pernambuco, Acre e Pará. Esses achados indicam que a transmissão vertical pode aumentar a complexidade de novas formas de infecção e contribuir para o desenvolvimento de novos padrões da epidemia.

O vírus Oropouche, transmitido pela picada do mosquito Culicoides paraensis (conhecido como mosquito-pólvora), é uma doença causada pelo arbovírus OROV, da mesma família dos agentes causadores de dengue, zika e chikungunya. Desde sua identificação na década de 1960, o vírus tem causado surtos principalmente na região amazônica, mas recentemente foi detectado em outras partes do país.

A infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, destacou que muitos casos que pareciam dengue, mas com resultados negativos nos testes, poderiam ser de Oropouche. Ela também mencionou a necessidade de estudar e entender melhor essa doença, que tem sido subnotificada devido à falta de investigação fora da região amazônica.

A transmissão do vírus Oropouche durante a gestação é uma realidade preocupante que requer maior atenção e vigilância por parte das autoridades de saúde. A conscientização sobre os sintomas e a busca por atendimento médico imediato são essenciais para prevenir complicações graves.