A remoção total das trompas de falópio, conhecida como salpingectomia, está ganhando força como uma estratégia preventiva contra o câncer de ovário. Esta decisão médica, que envolve a retirada das estruturas que conectam os ovários ao útero, tem sido recomendada especialmente para mulheres que já passaram do período reprodutivo e que possuem risco genético elevado.

O câncer de ovário é um dos tumores mais difíceis de diagnosticar precocemente, com cerca de 70% dos casos sendo identificados em estágios avançados. A expectativa é que o número de novos casos aumente, com uma projeção de 371 mil novos casos por ano até 2035. A mortalidade associada ao câncer de ovário é significativa, com aproximadamente 207 mil mortes anuais em todo o mundo.

Pesquisas recentes indicam que a maioria dos cânceres de ovário tem origem nas trompas de falópio. A remoção dessas estruturas pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento do tumor. A Aliança para Pesquisa em Câncer de Ovário dos Estados Unidos defende a realização da salpingectomia em mulheres fora da idade reprodutiva que já estão se preparando para uma cirurgia pélvica.

O oncologista Wesley Pereira Andrade, titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), explica que a cirurgia é relativamente simples e pode ser feita por métodos laparoscópicos, robóticos ou abertos. A remoção das trompas não traz impactos hormonais, ao contrário da retirada dos ovários, mas compromete a capacidade reprodutiva da paciente.

A decisão de realizar a salpingectomia deve ser individualizada, levando em consideração o histórico genético da paciente, especialmente a presença de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam significativamente o risco de câncer de ovário e de mama. A recomendação é que mulheres com essas mutações considerem a cirurgia preventiva, especialmente se já passaram do período reprodutivo.

A remoção das trompas de falópio como estratégia preventiva é um passo importante na luta contra o câncer de ovário, oferecendo uma opção eficaz para mulheres em risco elevado. A decisão deve ser tomada em conjunto com o médico, considerando todos os fatores de risco e as necessidades individuais da paciente.